Faz um tempo que existia um dito nos meios policial, militar,
ou nos que usam regularmente armas de fogo: “minha trava é o meu dedo”. Ou
seja, nesta concepção a arma nunca está sujeita a disparos a não ser que esteja
empunhada.
Inúmeras histórias sobre incidentes com tiros não intencionais contradizem este dito. Eles podem ocorrer por uma série
de fatores, por engatar em algum obstáculo, em partes do equipamento, por
momentos de distração onde o dedo entra no guarda-mato e há uma oscilação de
terreno; ou mesmo o acesso ao armamento de pessoa não habilitada. A trava de segurança se mostra um equipamento que pode diminuir o números dessas estatísticas, e com o treinamento correto continuar com a mesma velocidade e eficácia do uso da arma destravada.
Antes de mais nada, é necessário se diferenciar superficialmente o funcionamento da arma em ação
simples e dupla.
Ação Simples:
acionamento do gatilho somente quando o cão está armado;
Ação Dupla: o
gatilho funciona com o cão rebatido, e o próprio mecanismo da arma leva o cão à
retaguarda e efetua o disparo num só movimento.
Assim, em geral quando as armas estão em ação simples mais
o gatilho é sensível, mais se observa a necessidade do uso da trava de
segurança. Espingardas com o cão mocho, como a calibre 12 pump, ou mesmo as similares
da Winchester, os fuzis e metralhadoras em geral, necessitam estar engatilhadas para o disparo, ou seja, deve
estar em ação simples. O mesmo ocorre, por exemplo, com as pistolas Glock, e as distribuídas para as forças policiais no Brasil, Taurus 24/7pro,
640pro; todas com o cão mocho; e as Colt e Imbel (quase todos os modelos),
cujo cão é visível, mas funcionam em ação simples.
Quando a arma trabalha em ação dupla, entende-se que há no
próprio sistema do armamento uma segurança maior para o trabalho sem trava.
Estabelece-se, assim, que quando a arma trabalha em
ação simples, a forma mais segura e com mais eficácia do uso para ataque ou defesa é o
uso da trava de segurança, e para isso, o constante treinamento é essencial. A alternativa para isso, seria trabalhar com a
arma destravada, desengatilhada (quando possível), e sem munição na câmara, e
na hora do saque, no grupo de movimentações para tal, incluiria-se o movimento de
se levar o cão a retaguarda, e após isso prosseguir com o saque.
Ambos os treinamentos são eficazes. As forças israelenses adotam o porte sem munição na câmara, e o saque é tão eficaz quanto de quem usa o outro método. Nas unidades onde trabalhei, utiliza-se a trava de segurança, por já se ter experiências com tiros involuntários, mas isto não é porque se seja melhor ou pior que outras doutrinas, mas porque foi uma convenção de procedimentos, todos treinamos assim, e os tiros são eficazes. Uma vantagem a mais, talvez, seja que este sistema que usamos, seja aproveitado nas armas curtas e longas, o que não sobrecarrega o numero de procedimentos, um vale para os dois.
Para o saque com uso da trava, o destrave do armamento se dá momentos antes do tiro.Dentro do conjunto de movimentos, seria a seguinte sequência:
- Arma em empunhadura dupla inicia movimento com o cano em direção ao alvo;
- Destrava-se a arma e tira-se a "folga" do gatilho;
- Disparo
Como esta página visa revisão de teorias vistas durante a formação dos policiais, mas, por segurança, não se aprofundar muito na matéria, termino por aqui. Na sequencia virão outras posições que ajudarão na qualidade do saque.
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